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Conjuntos e totens
Totens
Frans Krajcberg não copia a natureza, mas busca, através da criação, entrar em relação com ela. Algumas esculturas são volumosas e pesadas, dando a impressão de que querem permanecer enraizadas no solo. Sua forma fechada, mesmo quando há vazios internos, lhes confere uma potência inegável. Outras parecem querer se libertar da terra com reviravoltas que as impulsionam para cima. Por fim, algumas realizam os dois movimentos ao mesmo tempo: para cima e para baixo.
Palmeiras
O artista traz de suas viagens à Amazônia, nos locais atingidos por incêndios, troncos de palmeiras ressecados, com os quais compõe conjuntos escultóricos chamados “conjuntos”. Bastões de chuva ou totens, denunciam o desmatamento, assim como suas fotografias. A inspiração indígena atravessa esses troncos verticais, marcados por grandes cicatrizes, que ele gosta de reunir “na floresta”, na praia, e fotografar sob luz forte. É mais uma vez uma maneira de devolver força e vida a elementos destruídos.
Para as obras feitas com esse tipo de material, o processo criativo começa com a eliminação da massa úmida e mole que resta dentro dos troncos, deixando apenas a casca. A peça é submetida a alguns cortes na haste. As partes rachadas são cobertas com pigmentos pretos ou vermelhos na maioria dos casos. Novas queimaduras são feitas com maçarico para endurecer a madeira.
Africanas
Segundo Federico Morais, o fato de Frans Krajcberg ter escolhido viver no estado da Bahia – um lugar que muitos consideram um pedaço do continente africano no Brasil – e ter convivido com o candomblé, inspirou-o a produzir a série Africanas no final dos anos 1980. Com essa série, ele vai ainda mais longe em sua abordagem ao incorporar outros materiais, como cipós, bastões e hastes vindos de outras árvores, na maioria das vezes queimados, dentro dos troncos de palmeiras. Embora não sejam religiosas, essas esculturas têm um aspecto xamânico e uma relação inegável com as vestimentas usadas em muitos rituais africanos.
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