Exposição temporária

© Frédéric Noy para a Fundação Yves Rocher (detalhe)
Tanzânia,
O mundo perdido de Udzungwa
FRÉDÉRIC NOY
« LES RENDEZ-VOUS PHOTOGRAPHIQUES »
RETOUR DE MISSION : ESCALE # 3
10 DE SETEMBRO - 10 DE OUTUBRO DE 2025
A Tanzânia, na África Oriental, possui 22 parques nacionais em seu território. O Parque Nacional de Udzungwa, no centro do país, abriga uma das biodiversidades mais ricas do continente africano, em apenas 2.000 quilômetros quadrados. Suas cachoeiras, incluindo a Sanje, que atinge 170 metros de altura, irrigam naturalmente toda a região.
Nas suas montanhas, cobertas por uma densa vegetação tropical, foi descoberto no início dos anos 2000 o último espécime de macaco: o Kipunji (Rungwecebus kipunji). Mas não há leões, rinocerontes ou leopardos... Os turistas evitam o parque, mas para os cientistas, é um dos santuários mais importantes a serem protegidos, com um alto índice de endemismo — especialmente de primatas.
Aninhado nas montanhas úmidas do sul do país, Udzungwa só se revela àqueles dispostos a percorrer suas trilhas íngremes e pouco cuidadas, mantidas por um número insuficiente de guardas florestais. Um reino vertical, enevoado e úmido, que se parece mais com a selva brasileira do que com a imagem que se tem da Tanzânia.
Certamente, os limites do parque não estão sendo contestados. Mas o aumento das atividades agrícolas voltadas para monoculturas (cana-de-açúcar e arroz), o crescimento populacional, a migração interna de tanzanianos em busca da riqueza e fertilidade das terras, bem como o desmatamento para uso doméstico, têm progressivamente reduzido suas fronteiras.
Por isso, organizações como a Mazingira e outras lançam programas transversais: educar as novas gerações desde o ensino fundamental sobre agroflorestas, conscientizar os agricultores sobre práticas mais sustentáveis, criar e manter corredores para que a fauna possa se deslocar sem entrar em conflito com os humanos. Sem esquecer de atrair turistas para ajudar a sustentar este frágil Éden.

© Frédéric Noy para a Fundação Yves Rocher (detalhe)
A Fundação Yves Rocher, no âmbito da sua campanha fotográfica intitulada «Em nome da biodiversidade», envia todos os anos um fotojornalista de renome internacional para várias partes do mundo. De 2023 a 2025, o Espaço Frans Krajcberg recebe três desses profissionais, logo após o seu regresso à França, para que partilhem os seus testemunhos sobre o estado do nosso planeta.
Tal como Frans Krajcberg, que desde os anos 1960 utilizava a fotografia para denunciar o desmatamento no Brasil, os três repórteres convidados mostram os perigos que ameaçam os últimos reservatórios naturais do nosso planeta. Do Pantanal à Papua-Nova Guiné, eles viveram em imersão nestes santuários protegidos, onde ainda existem espécies animais e vegetais endémicas.

© Frédéric Noy para a Fundação Yves Rocher (detalhe)
Frédéric Noy e Frans Krajcberg
No âmbito de uma encomenda fotográfica da Fundação Yves Rocher, o fotojornalista Frédéric Noy, grande especialista em questões ambientais e geoestratégicas, passou vários meses imerso neste espaço natural ameaçado. Nascido em 1965, Frédéric Noy é um repórter francês cuja abordagem documental privilegia a crônica como modo narrativo, afastando-se, sempre que possível, do etnocentrismo.
Seus relatos fotográficos se concentram nas lacunas da atualidade, em histórias inesperadas ou na existência de populações socialmente excluídas, estigmatizadas, ou em conflito com as consequências de dilemas e conflitos contemporâneos.
Este ponto central, privilegiar a terra que se deseja proteger, está no coração deste ensaio fotográfico sobre as montanhas de Udzungwa. E Frédéric Noy inscreve-se assim nos passos de Frans Krajcberg, artista multifacetado que fez do meio ambiente a sua luta. Escultor de renome internacional, fotógrafo engajado, Krajcberg não copiava a natureza, ele a reinventava em suas obras. Este ativista ambiental, respeitado por todos, sofria ao ver a floresta amazônica desaparecer sob as cinzas para saciar necessidades agrícolas. Ele usava sua arte como resposta às ameaças de destruição do nosso planeta. Frans Krajcberg e Frédéric Noy dão o mesmo grito: a preservação dos últimos mundos naturais.
Exposição em parceria com a Fundação Yves Rocher, que financiou este trabalho no âmbito de sua missão fotográfica intitulada “Em nome da biodiversidade: esses santuários vivos a preservar”.
Comissário da exposição: Cyril DROUHET, Diretor de Reportagens e Fotografia da FIGARO MAGAZINE.
