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Sans titre, bois polychrome, 160 x 110 x 20 cm. © Juan Esteves pour la Galerie Frente

 © Juan Esteves

Sans titre, bois monochrome, 230 x 130 x 40 cm,  © Juan Esteves pour la Galerie Frente

 © Juan Esteves

Sans titre, bois monochrome, 265 x 110 x 30 cm.  © Juan Esteves pour la Galerie Frente

 © Juan Esteves

Sombras

Em Paris, nos anos 1960, Frans Krajcberg começa a trabalhar suas "sombras recortadas". A sombra é uma forma de libertar a obra do seu enquadramento, dando nova vida a elementos mortos que são exaltados pela luz.

Com uma surpreendente modernidade plástica, a silhueta recortada é, ao mesmo tempo, negação e afirmação da pintura. “A ideia me veio em Minas, mas foi em Paris que fiz minhas primeiras sombras projetadas. Eu queria explodir o quadrado, sair da moldura. Tinha mais de uma razão para isso. A natureza ignora o quadrado, o movimento é circular. (...) A vida não é quadrada e não tem formas fixas. (...) A abstração do quadrado acompanhou as revoluções do começo do século, como o expressionismo acompanhou a miséria. Sempre tive uma sensibilidade expressionista e nunca me reconheci no Concretismo. Eu não queria a arte pela arte. Queria encontrar formas novas. A natureza me oferecia milhares.”

A técnica consiste em captar a sombra projetada de um elemento natural (raiz, galho, semente... cuja forma o fascinava), desenhada em traços e depois recortada em um suporte de madeira. O elemento, fixado sobre o suporte, confere relevo e volume à obra. As duas partes, muitas vezes pintadas em cores vivas que as unificam, evocam juntas o tempo, o espaço, a fragilidade da vida...

As sombras eliminam toda ideia de oposição entre Arte e Natureza: “Ao cortar e projetar as sombras, ele abre uma nova forma de contemplação da natureza, uma contemplação que permite associar os ritmos internos da natureza aos ritmos criados pelo artista.” (Frederico Morais, 2004).

“Devo mais aos recortes em madeira de Arp do que aos papéis recortados de Matisse. (...) Minha busca consistia em experimentar iluminações para escolher uma sombra. Há uma infinidade delas. Nenhum homem faz a mesma sombra, e a sombra do mesmo homem está sempre em movimento. Eu queria unificar o objeto à sua sombra. Queria reencontrar o objeto na sua sombra. Procurava na natureza uma possibilidade de renascer para a vida da arte unindo-me a formas diferentes, mas captadas dela. A sombra projetada lhe acrescentava uma forma. Essa era a minha participação.”

Lianes noires, série Ombres portées, 1982, Lianes, contreplaqué et pigments naturels

Nas primeiras peças, o recorte de geometria rígida, “construtiva” ou “concretista”, contrapõe-se à fluidez das linhas naturais da forma que ele realça. Com o passar dos anos, ela se aproxima cada vez mais, como a pureza de uma iluminação lateral.

Frans Krajcberg trabalha as sombras por cerca de 20 anos, mas sempre volta a elas até o fim de sua vida. Ele observa, estuda e testa todas as possibilidades oferecidas por essa técnica. Utiliza flores de madeira da região de Itabira (MG), manguezais de Nova Viçosa (BA) e cipós da Amazônia. Às vezes, acrescenta fibras de piaçava.

Segundo Frederico Morais, essa produção pode ser agrupada em três grupos:

“Nas primeiras, estão as obras onde predomina uma clara oposição entre o barroquismo dos conjuntos florais e a rigidez dos suportes ortogonais, que são fragmentados em duas ou mais partes.

Um segundo grupo reúne as peças nas quais as sombras atuam diretamente sobre o suporte, desgastando-o à medida que o perfuram. Em ambos os casos, a composição é frontal e as sombras trabalham em profundidade.

Um terceiro bloco agrupa as obras nas quais as sombras projetadas se afastam, quase se destacando do suporte, como se fosse um desenho de perfil, um gráfico que se torna viável no espaço, em três dimensões.”

Ombre portée
Sans titre, bois polychrome, 197 x 110 x 30 cm. © Juan Esteves pour la Galerie Frente
Sans titre, bois monochrome, 190 x 150 x 40 cm. © Juan Esteves pour la Galerie Frente
Sans titre, bois polychrome, 160 x 110 x 20 cm (détail). © Juan Esteves pour la Galerie Frente
Boules de palétuvier
Sans titre, bois polychrome, 220 x 120 x 36 cm (détail). © Juan Esteves pour la Galerie Frente
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